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Foto do escritorFabiana Lima

A estratégia de marketing bem-sucedida de Barbie e o "hype" em torno do filme

O marketing de Barbie é uma versão do marketing da A24, on acid. É muito cativante e intencionalmente construído, desde o princípio, para causar euforia e nostalgia em um público-alvo bastante específico. Quem lembra da primeira foto que “vazou” de Margot Robbie e Ryan Gosling de patins com seus figurinos mega coloridos? Até esse momento, não era segredo que Greta Gerwig iria dirigir um filme sobre a boneca, mas desde então fotos e histórias dos bastidores do filme têm rolado pelas redes sociais e atingido 100% o seu objetivo: gerar expectativa.

Uma das primeiras vezes que a gente ouviu falar sobre o filme foi quando Margot supostamente teria deixado vazar uma lista “Watch for Barbie” no Letterboxd com referências que Greta havia pedido para o filme. Depois, a foto que eu citei anteriormente aconteceu e, agora, temos várias histórias soltas por aí que dão um vislumbre especial sobre Barbie, como a história da tinta rosa acabando no mundo todo ou das "multas" que Margot Robbie dava no set às pessoas da equipe que não estavam com ao menos uma peça na cor rosa.

Essa estratégia de utilizar as redes sociais como foco principal de divulgação do filme não é nova. A A24 faz muito isso desde que era apenas distribuidora, sendo inclusive essa a maneira com a qual a empresa acabou angariando tantos fãs, especialmente os mais jovens. É inteligente pois além de ser uma forma mais barata de divulgação, acaba sendo orgânica e, por isso, mais efetiva, dando a ilusão de que seria portanto mais verdadeira. As pessoas querem estar por dentro de tudo sobre o filme, por essa razão divulgam (como eu estou fazendo com esse artigo rs) sem ônus algum, absolutamente toda nova notícia "vazada" ou não sobre a obra.


É interessante dizer que a Greta parece ter total consciência de que fazer um filme sobre a Barbie é inevitavelmente caminhar em direção a se tornar uma figura mais próxima do pop. A diretora que antes era conhecida como um dos principais expoentes do dito "mumblecore" percebeu que Barbie daria a ela a oportunidade de, além de mostrar uma nova faceta sua, divulgar o seu trabalho nas redes das mais diversas formas. Os aliados de Barbie são a música e a moda e ambos desempenham um papel muito importante em tornar o filme um verdadeiro EVENTO. Na era das redes sociais, todas as pessoas querem estar por dentro do assunto do momento e o efeito manada disso vai refletir diretamente na bilheteria de Barbie, algo que já está acontecendo desde a venda de ingressos na pré-venda.


Por outro lado, Oppenheimer, por exemplo, sabe que não possui o mesmo público-alvo e por isso as estratégias de divulgação estão muito mais focadas em quem já iria consumir o filme de qualquer forma, os verdadeiros "nolanzetes". Todas as informações que possuímos sobre o filme saem ou do próprio Nolan ou de Cillian Murphy, protagonista de Oppenheimer, e todas sem muito efeito, a não ser pra quem já é próximo do trabalho dos dois. Eu acredito que em certo ponto o marketing de Oppenheimer está "surfando" na onda do trabalho que está sendo feito para divulgar Barbie, o que é inteligente embora um tanto confortável, também.


Os memes (uma das estratégias mais utilizadas nas redes) vêm acompanhados de piadas que levam em conta a suposta diferença do público-alvo dos filmes, mas a verdade é que ambos irão se beneficiar mutuamente dessa comparação e intriga de "fachada" que a própria internet, organicamente, alimentou. Barbieheimmer já é uma realidade e se transformou em trend no Tik Tok e produtos dos mais diversos, incluindo camisas que estão sendo vendidas a rodo em vários sites já.

Para nós, críticos de cinema, ao menos a nível pessoal, o que está sendo difícil é lidar com esse hype de maneira saudável, sem deixar que as interferências criadas pelas redes sociais prejudiquem a minha experiência com o filme. É sempre difícil equilibrar isso tudo, confesso. Mas a certeza que eu tenho é que esse tipo de estratégia de marketing se tornará cada vez mais comum e possibilitará que o orçamento em divulgação desses filmes seja cada vez menor deixando que nós façamos o trabalho o qual a mídia tradicional ainda cobra muito caro para fazer.


Barbie pode até não ser um grande filme, mas foi gigante em mostrar como o Cinema e as redes sociais têm estado cada vez mais conectados.

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