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  • Foto do escritorFabiana Lima

Uma Dança com Saudade (Novíssimo Cinema Paraense)



“As pessoas dizem que não existe viagem no tempo, mas existe, a música é uma forma de voltar no tempo”


Em “Uma Dança com Saudade”, o DJ Paulinho Boy fala isso enquanto olha para a câmera e se emociona ao tentar traduzir o que significa a música não apenas para ele, mas para o Baile da Saudade, para o brega e para as periferias de Belém. Por meio de entrevistas e imagens captadas no próprio baile, dentro do bairro Canudos, o curta-documentário aborda a cultura popular do estado que tem o brega como patrimônio cultural imaterial. 


Além de movimentar a economia local com suas barracas de comida, os bailes da saudade enchem de vida bairros que muitas vezes correm o risco de ou realmente são, de fato, tomados pela violência; fruto da marginalização das zonas periféricas nas grandes cidades. Em pouco tempo (menos de dez minutos de duração) e na voz da própria população, a obra transmite a importância de se valorizar o momento de interação entre as pessoas dentro da cidade, reivindicando seus bairros como seus espaços de convívio e demonstrando a importância do respeito e da amizade nesse cenário. 


Outro aspecto interessante do filme é a forma como a resistência dos bailes tem relação direta com uma questão geracional. Ambos DJs mencionam a importância dos pais na perpetuação dessa rica cultura, o que foi fator decisivo para que ambos estivessem hoje à frente de suas aparelhagens, comandando as setlists das festas com músicas que vão do brega “arquivo” ao brega “mid brega” e ao brega mais contemporâneo, fruto de uma mistura com novos ritmos e temáticas. 


A forma como a direção imerge o espectador no tempo e no contexto social, além da música, é através dos reveladores planos-detalhe nos porta-retratos, nas aparelhagens e no bar. Não existe uma grande ambição em sua forma, “Uma Dança com Saudade” é um filme sobre viagem no tempo através do som, sobre o poder terapêutico e de conexão da música e, também, sobre a importância da valorização da cultura popular. Simples e direto, é sempre bom assistir obras que se permitem serem honestas e emotivas sobre seus temas.


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